Desgraças com hora marcada

Impressionante como já faz um tempinho que todo final de ano, nessa transição interminável entre dezembro e janeiro me acontece alguma grande merda. Meio que já venho esperando eventos apocalípticos nesse período. Parabéns aos envolvidos. 

O vaso

Muito bem, na metáfora de hoje eu vou contar a história de um lindo e raro vaso de tradição histórica e familiar que precisava de alguém confiável por perto a zelar pela sua beleza e raridade. Tinha um guarda, membro da família, que ficava sempre ali a postos, observando, vigiando e apreciando, sempre rodeando o vaso e sempre a se desdobrar quando o mesmo ameaçava cair.

Um dia, o pobre guarda já muito cansado dessa função que, na verdade, lhe pagava muito pouco, ou melhor dizendo, nenhuma remuneração financeira, ele fazia isso por consideração e pelos "laços de sangue" que os unia aquele vaso, resolveu sentar em frente o vaso e apenas observar.

Ali ele ficou, em posição confortável até que o vaso começou a balançar de novo.

Ele ficou um pouco apreensivo, teve ímpetos de correr para pegar o vaso, mas ele foi mais forte e pensou: "não vale a pena, você não está ganhando nada pra isso, estão abusando do seu bom senso e educação, vá atrás de algo que lhe traga um retorno significativo!"

Pois bem, ele então continuou sentado e apenas observou o lindo vaso se espatifar em milhões e irreparáveis pedacinhos.

Depois que isso aconteceu, ele ficou muito bravo consigo mesmo e com essa perda, ele sofreu e chorou muito se questionando se fez a coisa certa.

Até que depois de um tempo, ele se recompôs e sorriu, afinal, se conscientizou que na realidade, aquilo não foi uma perda, FOI UM GANHO.

Ele já não precisava mais se desdobrar e se dedicar tanto a uma coisa que não lhe dava nada em troca, só ele estava ali pronto para acudir e se oferecer enquanto que nada era feito para que aquele vaso não mais tivesse toda aquela difícil situação de instabilidade.

O que inicialmente foi um sofrimento, virou algo libertador.

**Fim**